Viabilidade – ou não – da intervenção do Ministério Público (MP) na apresentação de acordo de não persecução penal (ANPP) em contexto de ação penal privada
DOI:
https://doi.org/10.70622/2236-8957.2025.672Palabras clave:
ação penal privada, acordo de não persecução penal, garantias processuais, Ministério Público, sistema acusatórioResumen
O presente artigo analisou a controvérsia acerca da possibilidade de o Ministério Público (MP) propor o Acordo de Não Persecução Penal (ANPP) no âmbito da ação penal privada. Inicialmente, discorreu-se sobre a titularidade da ação penal, distinguindo a pública da privada, à luz do sistema acusatório brasileiro. Em seguida, investigou-se o papel do ANPP, introduzido pela Lei nº 13.964/2019, como instrumento de Justiça Penal Negocial e seus limites no processo penal. A pesquisa examinou criticamente a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) no REsp 2.083.823/DF, a qual admitiu a atuação supletiva do MP na proposta do acordo em ações penais privadas, fundamentando-se no interesse público, na eficiência da justiça e na promoção da isonomia processual. A metodologia utilizada baseou-se na análise legislativa, doutrinária e jurisprudencial. Concluiu-se que, embora a decisão busque efetivar princípios constitucionais, ela tensiona garantias fundamentais do devido processo legal e da autonomia do querelante, sendo necessária uma aplicação restrita e excepcional da medida.
Citas
ALBERNAZ, F. R. A desnecessidade da intervenção do Ministério Público na ação penal privada. Revista do Ministério Público, Rio de Janeiro, n.34, p. 53-76, out./dez. 2009. Disponível em: https://www.mprj.mp.br/documents/20184/2706199/Frederico_Rangel_de_Albernaz.pdf. Acesso em: 9 jun. 2025.
ARRUDA, R. S.; MÉDICI, S. O. Acordo de não persecução penal: análise e impactos na Justiça Criminal. Revista de Direito e Gestão de Conflitos, Araraquara, v. 2, n. 1, p. 63-80, jan./jun. 2024. Disponível em: https://revistadgc.org/index.php/rdgc/article/view/11/30. Acesso em: 9 jun. 2025.
AVELAR, D. R. S.; PACIORNIK, J. I.; MARINHO, V. R. L. P. Proposta de ANPP pelo Ministério Público em ação penal privada. Conjur, São Paulo, 16 nov. 2024. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2024-nov-16/proposta-de-anpp-pelo-ministerio-publico-em-acao-penal-privada/. Acesso em: 9 jun. 2025.
BADARÓ, G. Curso de processo penal: volume único. 7. ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2021.
BRASIL. Conselho Nacional do Ministério Público. Resolução nº 183, de 24 de janeiro de 2018. Altera dispositivos da Resolução nº 181, de 7 de agosto de 2017, que dispõe sobre a instauração e tramitação do procedimento investigatório criminal a cargo do Ministério Público. Brasília, DF: CNMP, 2018. Disponível em: https://www.cnmp.mp.br/portal/images/Resolucoes/Resoluo-183.pdf. Acesso em: 9 jun. 2025.
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República, [2016]. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/ Constituiçao.htm. Acesso em: 9 jun. 2025.
BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo Penal. Rio de Janeiro: Presidência da República, 1941. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del3689.htm. Acesso em: 9 jun. 2025.
BRASIL. Lei nº 13.964, de 24 de dezembro de 2019. Aperfeiçoa a legislação penal e processual penal. Brasília, DF: Presidência da República, 2019. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/lei/l13964.htm. Acesso em: 9 jun. 2025.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Penal 642. Relator: Min. Dias Toffoli, jugado em 28 mar. 2012. Brasília, DF: STF, 2012.
BRASIL. Superior Tribunal de Justiça (5. Turma). Recurso Especial nº 2.083.823/DF. Relator: Ministro Joel Ilan Paciornik, julgado em 11 mar. 2025. In: Informativo de Jurisprudência do STJ, Brasília, DF, n. 843, 18 mar. 2025.
CASTRO. C. B. (In)disponibilidade na Ação Penal Pública. Centro de Investigação de Direito Privado, [s.l.], ano 1, n. 2, p. 651-704, 2012. Disponível em: https://www.cidp.pt/revistas/ridb/2012/02/2012_02_0651_0704.pdf. Acesso em: 9 jun. 2025.
CASTRO, G. L.; ALVES, I. A. A evolução e aplicação do acordo de não persecução penal: perspectivas e desafios no sistema jurídico brasileiro. Revista JRG de Estudos Acadêmicos, [s.l.], ano 7, v. 7, n.15, jul./dez. 2024. Disponível em: https://revistajrg.com/index.php/jrg/article/view/1653/1350. Acesso em: 9 jun. 2025.
GOMES, M. O.; SILVA, K. S.; GREFF, A. L. C. Adoção de soluções consensuais na Justiça Penal e a aplicação equiparada ao mecanismo norteamericano Plea Bargain na legislação criminal brasileira. Revista Jurídica Direito, Sociedade e Justiça, [s.l.], v. 6, n.8, 2021. Disponível em: https://periodicosonline.uems.br/RJDSJ/article/view/4092. Acesso em: 9 jun. 2025.
GRECO, R. Curso de Direito Penal: parte geral. 23. ed. Rio de Janeiro: Impetus, 2022.
LINS, R. A. A. Guia Prático: perguntas e respostas em sede de ANPP. João Pessoa: MPPB, 2022. Disponível em: https://www.mppb.mp.br/images/DOCS/GUIA-PRTICO---Perguntas-e-respostas-em-sede-de-ANPP.pdf . Acesso em: 27 abr. 2025.
LOPES JR., A. Direito Processual Penal. 18. ed. São Paulo: Saraiva, 2020.
MENDONÇA, A. B.; CAMARGO, F. P.; RONCADA, K. H. M, L. Acordo de Não Persecução Penal e a Justiça Restaurativa: mais um passo no caminho da transformação social. In: BRANCO, P.G.G. et al. Direitos fundamentais em processo. Brasília, DF: ESMPU, 2020. Disponível em: https://escola.mpu.mp.br/publicacoesepesquisas/nao-periodicos/obras-avulsas/e-books-esmpu/direitos-fundamentais-em-processo-2013-estudos-em-comemoracao-aos-20-anos-da-escola-superior-do-ministerio-publico-da-uniao/4_acordo-de-nao-persecucao-penal.pdf. Acesso em: 9 jun. 2025.
NUCCI, G. de S. Código de Processo Penal comentado. 21. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2022.
OLIVEIRA, E. P. de. Curso de Processo Penal. 27. ed. São Paulo: Atlas, 2020.
PEREIRA, C. F. O. A persecução penal pública no CPP tipo e na reforma processual penal. Boletim Científico ESMPU, Brasília, ano 1, n. 2, p. 15-26, jan./mar. 2002
PRADO. A. R. M.; SANTOS, J. P. D. A legitimidade para propositura da ação penal privada subsidiária da pública em crimes que afetam bens jurídicos coletivos. O exemplo representativo dos crimes ambientais. Revista de Direito Penal, Processo Penal e Constituição, Brasília, DF, v. 3. n. 1. p. 77-96, jan./jun. 2017.
PRADO, G. Sistema acusatório: a conformidade constitucional das leis processuais penais brasileiras. 2. ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2021.
REBELLO, D. T. de O.; MATOS, F. B. Aspectos legais e práticos do acordo de não persecução penal. Conjur, São Paulo, 2020. Disponível em: https://www.conjur.com.br/2020-abr-15/matos-rebello-aspectos-acordo-nao-persecucao-penal/. Acesso em: 9 jun. 2025.
REBOUÇAS, S.; BARROS, B. A reparação do dano como condição do acordo de não persecução penal nos crimes contra a ordem tributária. Revista Brasileira de Direito Processual Penal, Porto Alegre, v. 10, n. 2, e956, maio/ago. 2024.
SÁNCHEZ, J. M. S. A expansão do Direito Penal: aspectos da política criminal nas sociedades pós-industriais. Tradução Luiz Otávio de Oliveira Rocha. 3. ed. rev. e atual. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2013.
SILVA, M. A. M.; PENTEADO, F. M. B. A confissão como requisito para o acordo de não persecução penal. Revista de Direito Brasileira, Florianópolis, v. 32, n.12, p. 311-329, maio/abr. 2022. Disponível em: https://www.indexlaw.org/index.php/rdb/article/download/8806/6488/26497. Acesso em: 9 jun. 2025.
TOURINHO FILHO, F. da C. Processo Penal. 34. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Beatriz Abraão de Oliveira, Valfran de Aguiar Moreira

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Autores mantienen los derechos autorales y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons - Atribución 4.0 Internacional que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen autorización para asumir contratos adicionales separadamente, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen permiso y son estimulados a publicar y difundir su trabajo online (ej.: en repositorios institucionales o en su página personal) a cualquier punto antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar alteraciones productivas, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Véase El Efecto del Acceso Libre).









