Inteligência artificial e a Resolução CNJ 615/2025
DOI:
https://doi.org/10.70622/2236-8957.2025.649Palabras clave:
inteligência artificial, Justiça 4.0, Resolução CNJ 615, precedentes judiciais, supervisão humanaResumen
O artigo analisa criticamente a Resolução CNJ nº 615/2025, destacando seu papel inovador na regulamentação do uso de inteligência artificial no Poder Judiciário brasileiro. A Resolução estabelece diretrizes éticas, técnicas e institucionais para o desenvolvimento e a aplicação de sistemas de IA, com enfoque especial na categorização de riscos, governança, transparência e supervisão humana. Em particular, enfatiza-se o uso de modelos de linguagem de larga escala (LLMs) e sistemas de IA generativa, seus desafios, riscos e impactos sobre a produção e fundamentação de decisões judiciais. A análise destaca a importância da explicabilidade algorítmica, da qualificação dos operadores jurídicos e da responsabilização no uso de ferramentas tecnológicas. O texto defende a necessidade de uma “reserva de humanidade” como novo direito fundamental, capaz de assegurar que a inteligência artificial atue como suporte ao raciocínio jurídico, mas jamais o substitua. Com isso, propõe-se um modelo regulatório que preserve a centralidade do ser humano nas decisões judiciais, compatibilizando inovação tecnológica com a proteção dos direitos fundamentais.
Citas
ADVOGADO usa ChatGPT em petição e é multado pelo TSE: “fábula”. Migalhas, [s.l.], 19 abr. 2023. Disponível em: https://www.migalhas.com.br/quentes/385080/advogado-usa-chatgpt-em-peticao-e-e-multado-pelo-tse--fabula. Acesso em: 8 fev. 2024.
ÁFRICA DO SUL. S v Makwanyane and Another (CCT 3/94), julgamento da Constitutional Court, 1995.
ALEMANHA. Bundesverfassungsgericht (Tribunal Constitucional Federal). Lüth-Urteil, BVerfGE 7, 198, julgado em 15 jan. 1958.
ANCHEZ VASQUEZ, Carolina; TORO-VALENCIA, José. El derecho al control humano: una respuesta jurídica a la inteligencia artificial. Revista chilena de derecho tecnología, Santiago, v. 10, n. 2, p. 211-228, dic. 2021. DOI: http://dx.doi.org/10.5354/0719-2584.2021.58745. Disponível em:http://www.scielo.cl/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S071925842021000200211&lng=es&nrm=iso. Acesso em: 29 mar. 2023.
ASIMOV, Isaac. Eu Robô. Tradução Aline Storto Pereira. São Paulo: Editora Aleph, 2014.
BARROSO, Luís Roberto. Contramajoritário, representativo e iluminista: os papéis das supremas cortes e tribunais constitucionais nas democracias contemporâneas. Revista Interdisciplinar de Direito, Valença, v. 16, n. 1, p.217-266, jan./jun. 2018.
BONAT, Débora; VALE, Luís Manoel Borges do; PEREIRA, João Sergio dos Santos Soares. Inteligência artificial generativa e a fundamentação da decisão judicial. Revista de Processo – RePro, [s.l.], v. 346, dez. 2023.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Habeas Corpus 124.306. Direito processual penal. Habeas corpus. Prisão preventiva. Ausência dos requisitos para sua decretação. Inconstitucionalidade da incidência do tipo penal do aborto no caso de interrupção voluntária da gestação no primeiro trimestre. Ordem concedida de ofício. Relator: Ministro Luís Roberto Barroso, julgado em 29 nov. 2016a.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4983. Relator: Ministro Marco Aurélio, julgado em 16 dez. 2016b.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ação Direta de Inconstitucionalidade 4277. Relator: Ministro Ayres Britto, julgado em 14 de outubro de 2011.
BRASIL. Supremo Tribunal Federal. STF faz chamamento público para projetos de inteligência artificial. Brasília, DF: STF, 7 nov. 2023a. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=518467&ori=1. Acesso em: 7 fev. 2024.
BRASIL. Supremo Tribunal Ferderal. STF recebe propostas de uso de inteligência artificial para agilizar serviços. Brasília, DF: STF, 18 dez. 2023b. Disponível em: https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=522767. Acesso em: 3 jul. 2025.
CASTRO, Grasielle. Advogado pode ser punido por usar ChatGPT em ação. O motivo: invenção de precedentes. Jota, [s.l.], 29 maio 2023. Disponível em: https://www.jota.info/jotinhas/advogado-pode-ser-punido-por-usar-chatgpt-em-acao-o-motivo-invencao-de-precedentes-29052023. Acesso em: 31 maio 2023.
CASTRO, Grasielle. Juiz do TRF 1 que usou o ChatGPT para elaborar decisão será investigado pelo CNJ. Jota, [s.l.], 13 nov. 2023. Disponível em: https://www.jota.info/justica/juiz-do-trf1-que-usou-o-chatgpt-para-elaborar-decisao-sera-investigado-pelo-cnj-13112023. Acesso em: 8 fev. 2024.
CONSELHO NACIONAL DE JUSTIÇA. Justiça 4.0. Brasília, DF: CNJ, 2024. Disponível em: https://www.cnj.jus.br/tecnologia-da-informacao-e-comunicacao/justica-4-0/. Acesso em: 24 jan. 2025.
EUA, China, União Europeia e outros países assinam 1ª declaração mundial sobre riscos da IA. O Globo, Rio de Janeiro, 1 nov. 2023. Disponível em: https://oglobo.globo.com/economia/noticia/2023/11/01/eua-china-uniao-europeia-e-outros-paises-assinam-1a-declaracao-mundial-sobre-riscos-da-ia.ghtml. Acesso em: 01 maio 2025.
GABRIEL, Anderson de Paiva; PORTO, Fabio Ribeiro; ARAÚJO, Valter Shuenquener de. Justiça 4.0 e a Inteligência Artificial: pragmática eficiência. Revista de Análise Econômica do Direito, São Paulo, ano 5, v. 9, jan./jun. 2025.
GABRIEL, Anderson de Paiva. O pragmatismo como paradigma do Direito Processual Penal contemporâneo: tecnologia, consenso e whistleblowing. Londrina: Thoth, 2022.
GRECO, Luís. Poder de julgar sem responsabilidade de julgador: a impossibilidade jurídica do juiz-robô. Rio de Janeiro: Marcial-Pons, 2022
HARARI, Yuval; HARRIS, Tristian; RASKIN, Aza. You can have the blue pill or the red pill, and we’re out of blue pills. The New York Times, New York, 24 de mar. 2023. Disponível em: https://stanfordrewired.com/post/137-questions. Acesso em: 27 mar. 2023.
HOLMES JR, Oliver Wendell. The Common Law. New York: Dover Publications, 1991
ÍNDIA. National Legal Services Authority v. Union of India, julgamento de 2014.
QUINT, Peter E. Free Speech and Private Law in German Constitutional Theory. Maryland Law Review, [s.l.], v. 48, n. 2, p. 247-290, 1989.
RAMIDOFF, Mário Luiz Luísa; RAMIDOFF, Munhoz Bürgel; RAMIDOFF, Henrique Munhoz Bürgel. Justiça 4.0 e o processo contemporâneo – Aperfeiçoamento tecnológico para efetividade da Justiça – Acessibilidade, usabilidade, celeridade, e (re)soluções inovadoras. In: FUX, Luiz; MARTINS, Humberto; SHUENQUENER, Valter (coord.). O Judiciário do futuro: Justiça 4.0 e processo contemporâneo. Curitiba: Revista dos Tribunais, 2022.
RTPT. “Padrinho” da inteligência artificial alerta para os perigos da tecnologia. RTP, em entrevista à BBC, 2 mai. 2023. Disponível em: https://www.rtp.pt/noticias/mundo/padrinho-da-inteligencia-artificial-alerta-para-perigos-da-tecnologia_n1483476. Acesso em: 01 maio 2025.
SOLÉ, Juli Ponce. Inteligencia artificial, derecho administrativo y reserva de humanidad: algoritmos y procedimiento administrativo debido tecnológico. Revista General de Derecho Administrativo, [s.l.], v. 50, 2019. Disponível em: https://bit.ly/2YK54B6. Acesso em: 27 mar. 2023.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Anderson de Paiva Gabriel, Fabio Ribeiro Porto, Valter Shuenquener de Araújo

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Autores mantienen los derechos autorales y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons - Atribución 4.0 Internacional que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen autorización para asumir contratos adicionales separadamente, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen permiso y son estimulados a publicar y difundir su trabajo online (ej.: en repositorios institucionales o en su página personal) a cualquier punto antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar alteraciones productivas, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Véase El Efecto del Acceso Libre).









