A invisibilidade da violência patrimonial na vara de família e a perpetuação da desigualdade de gênero

A invisibilidade da violência patrimonial na vara de família e a perpetuação da desigualdade de gênero

Autores

  • Ana Beatriz Rutowitsch Bicalho Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro. Brasil

Palavras-chave:

gênero, desigualdade, fraude, alimentos, violência

Resumo

Este artigo visa levantar o véu da violência imobiliária contra as mulheres em tribunais de família disfarçados através de ações contra incumprimentos alimentares ou fraude na partilha de bens. Embora a partilha de fraudes se insiresse na falta de reconhecimento estrutural da participação feminina na riqueza da sociedade casada, a insolvência alimentar demonstra até que ponto o titular dos recursos económicos está fora do fim mais vulnerável da relação; situações que são discutidas diariamente na Magistratura, que podem e devem compreender o seu papel fundamental na defesa de uma igualdade substancial de género prevista no CRFB de 1988, a fim de lhe conferido uma eficácia substancial até à data não alcançada.

Biografia do Autor

Ana Beatriz Rutowitsch Bicalho, Universidade Estácio de Sá. Rio de Janeiro. Brasil

Graduada em Direito pela Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro. Mestrado em andamento em Direito pela Universidade Estácio de Sá, UNESA.

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Publicado

20.12.2022

Como Citar

Bicalho, A. B. R. (2022). A invisibilidade da violência patrimonial na vara de família e a perpetuação da desigualdade de gênero. Revista Da EMERJ, 24(3), 53–73. Recuperado de https://ojs.emerj.com.br/index.php/revistadaemerj/article/view/396

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