Injustiças epistêmicas e a violência sexual contra meninas e mulheres
sobre dados e fatos
DOI:
https://doi.org/10.70622/2238-7110.2025.666Palabras clave:
justiça, injustiça epistêmica, epistemologia social, violência sexual, gênero e raçaResumen
O presente artigo discute o conceito de justiça e sua contraposição à injustiça, destacando a negligência histórica da ciência em explorar essa última em profundidade. A partir da epistemologia social proposta por Miranda Fricker, analisa-se a injustiça epistêmica como fenômeno que limita o acesso e a validação das experiências individuais e coletivas, especialmente de grupos historicamente marginalizados. Tal reflexão é fundamentada nas práticas epistêmicas que, ao longo do tempo, legitimam e reproduzem desigualdades de gênero, raça e classe, resultando em epistemicídio e exclusão social. Nesse contexto, evidencia-se como a violência sexual contra mulheres e crianças, sobretudo contra mulheres negras, não apenas viola direitos fundamentais, mas também constitui forma grave de injustiça epistêmica, ao silenciar vítimas e negar credibilidade aos seus testemunhos. O estudo busca, assim, articular conceitos teóricos e dados empíricos, demonstrando a relevância da abordagem de Fricker para compreender as dinâmicas sociais que sustentam a violência sexual e para indicar caminhos de enfrentamento a partir da justiça cognitiva. Metodologicamente, a pesquisa tem natureza qualitativa, de caráter teórico-bibliográfico, fundamentada na análise de referenciais da filosofia, sociologia, antropologia e epistemologia social, em especial a obra de Miranda Fricker sobre injustiça epistêmica. O estudo parte da revisão crítica de literatura acadêmica e documentos oficiais, articulando conceitos de justiça, injustiça e práticas epistêmicas às discussões sobre violência sexual contra mulheres e crianças, com uso do método exploratório-analítico.
Citas
ALVAREZ, Sonia E. Para além da sociedade civil: reflexões sobre o campo feminista. Cadernos Pagu, Campinas, v. 43, 2014.
BRAH, Avtar. Ain’t I a Woman?. Journal of International Women’s Studies, [s.l.], v.5, n. 3, p. 75-86, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. Viva: instrutivo notificação de violência interpessoal e autoprovocada. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2016.
BROWNMILLER, Susan. In our time: memoir of a revolution. Rio de Janeiro: Delta, 2000.
BYSKOV, Morten Fibieger. What makes epistemic injustice an “Injustice”? Journal of Social Philosophy, [s.l.], v. 52, n. 1, p. 116-133, Spring 2021.
CARASTATHIS, Anna. Intersectionality: origins, contestations, horizons. Nebraska: University of Nebraska Press, 2016.
COLLINS, Patricia Hill; BILGE, Sirma. Intersectionality. Cambridge: Polity Press, 2016.
FACIO, Alda. La responsabilidad estatal frente al derecho humano a la igualdad. México: RC, 2014.
FETT, João Rizzio Vicente. O que é o conhecimento? Uma introdução à epistemologia contemporânea. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2019.
FRICKER, Miranda. Epistemic injustice: power and the ethics of knowing. New York: Oxford University Press, 2007.
FRICKER, Miranda. Replies to Alcoff, Goldberg, and Hookway on Epistemic Injustice. Episteme, [s.l.], v. 7, n. 2, 2010.
GONZALES, Lélia. Racismo e sexismo na cultura brasileira. Revista Ciências Sociais Hoje, Anpocs, [s.l.], p. 223-244, 1984.
KELLY, Gregory J. Inquiry, activity, and epistemic practices. In: INQUIRY CONFERENCE ON DEVELOPING A CONSENSUS RESEARCH AGENDA, Feb. 2005, New Brunswick, NJ.
MULLER, Felipe de Matos; ETCHEVERRY, Kátia Martins (ed.). Ensaios sobre epistemologia do testemunho. Porto Alegre: Editora Fi, 2017.
ORGANIZAÇÃO DAS NAÇÕES UNIDAS (ONU). Recomendação Geral n. 33 sobre o acesso das mulheres à justiça. Comitê CEDAW, 2015.
ORGANIZAÇÃO DOS ESTADOS AMERICANOS (OEA). Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher. Belém do Pará: OEA, 1994.
PEREIRA, Ana Claudia J. Pensamento social e político do movimento de mulheres negras: o lugar de ialodês, orixás e empregadas domésticas em projetos de justiça social. 2016. 245f. Tese (Doutorado em Ciência Política) — Instituto de Estudos Sociais e Políticos, Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2016.
POHLHAUS JR., Gaile. Varieties of Epistemic Injustices. In: KIDD, Ian James; MEDINA, José; JR. POHLHAUS, Gaile. The Routledge Handbook of Epistemic Injustice. London: Routledge, 2017.
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Derechos de autor 2025 Bruna dos Santos Costa Rodrigues

Esta obra está bajo una licencia internacional Creative Commons Atribución 4.0.
Autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Autores mantienen los derechos autorales y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons - Atribución 4.0 Internacional que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen autorización para asumir contratos adicionales separadamente, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen permiso y son estimulados a publicar y difundir su trabajo online (ej.: en repositorios institucionales o en su página personal) a cualquier punto antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar alteraciones productivas, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Véase El Efecto del Acceso Libre).












