Evolução da legislação concernente às patentes farmacêuticas no Brasil

Evolução da legislação concernente às patentes farmacêuticas no Brasil

Autores

Palavras-chave:

patente, indústria farmacêutica, covid19

Resumo

O sistema de patentes vem a ser um meio de conceder um retorno para o investimento intelectual e financeiro do inventor e, também, fazer com que essa solução técnica seja tornada pública. A indústria farmacêutica é constituída por empresas que trabalham com inovação e, seus novos produtos e processos são muitas vezes protegidos por patentes. O objetivo do presente trabalho é o de desenvolver um estudo histórico e uma análise crítica da evolução da legislação no que tange às patentes farmacêuticas no Brasil e, em especial, identificar o impacto da pandemia do novo coronavírus em modificações desta legislação. Verifica-se que o ordenamento jurídico brasileiro se refere à proteção das patentes desde a época do Brasil colônia tendo havido preocupação de positivar este direito em diferentes constituições, em diferentes códigos referentes à propriedade industrial e em diferentes outras leis. No entanto, por muito tempo, a legislação vedou a proteção de invenções farmacêuticas por meio de patentes. Como conclusão, acredita-se que deva haver um equilíbrio entre o direito de a empresa poder reaver o recurso investido e obter lucro no desenvolvimento de determinada tecnologia e o direito da população em relação a sua saúde. O advento da pandemia causada pelo novo coronavírus fez com que muitos se debruçassem sobre o assunto de como mitigar a proteção patentária dos produtos farmacêuticos potencialmente úteis para o tratamento da COVID-19.

Biografia do Autor

Bruno Almeida Cotrim, Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Graduação em Farmácia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro com habilitação em Farmácia Industrial pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestrado em Ciências pelo Programa de Pós-Graduação em Química Orgânica da Universidade Federal do Rio de Janeiro e doutorado em Biomedicina pela Universidade Pompeu Fabra (Espanha). Professor do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) - Campus Rio de Janeiro.

Alexandra Barbosa de Godoy Corrêa, Università Mediterranea di Reggio Calabria. Reggio Calabria. Itália

Doutora e mestre em Direito pela Universidade Estácio de Sá, ambos com bolsa CAPES. Cursando o pós-doutorado em Direito e Novas Tecnologias pela Università Mediterranea di Reggio Calabria (Itália). Pesquisadora do Research Group on Global Comparative Law - GGINNS; do Laboratório Empresa e Direitos Humanos da UFF; e da Linha de Pesquisa Análise dos Riscos Emergentes da Inovação e Novas Tecnologias da Universidade de Fortaleza, assim como pesquisadora cadastrada do Dialnet (Espanha).

Diogo Oliveira Muniz Caldas, Universidade Veiga de Almeida. Rio de Janeiro. Brasil

Doutor pela Universidade Veiga de Almeida, mestre pela Universidade Gama Filho e bacharel em Direito pela Universidade Gama Filho. É professor da graduação em Direito da Universidade Veiga de Almeida (UVA), do Centro Universitário Carioca (UNICARIOCA) e da Universidade Santa Úrsula (USU).

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Publicado

02.08.2022

Como Citar

Cotrim, B. A., Corrêa, A. B. de G., & Caldas, D. O. M. (2022). Evolução da legislação concernente às patentes farmacêuticas no Brasil. Revista Da EMERJ, 24(3), 27–52. Recuperado de https://ojs.emerj.com.br/index.php/revistadaemerj/article/view/432

Edição

Seção

Artigos
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