A casa da mulher brasileira na cidade de Campo Grande/MS como modelo de inovação social de política pública em rede integrada e multinível no enfrentamento à violência doméstica e familiar

A casa da mulher brasileira na cidade de Campo Grande/MS como modelo de inovação social de política pública em rede integrada e multinível no enfrentamento à violência doméstica e familiar

Autores

  • Maria Angélica Biroli Ferreira da Silva Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Ufms, Pioneiros, Brasil

Palavras-chave:

violência doméstica contra à mulher, equidade de gênero, inovação social e políticas públicas, casa da mulher brasileira

Resumo

A violência doméstica e familiar contra a mulher é um grave  problema social e que assola a sociedade como um todo. A proposta do presente artigo é analisar a inovação social da política pública em rede integrada e multinível implantada pela Casa da Mulher Brasileira (CMB), na cidade de Campo Grande/MS, inaugurada em fevereiro de 2015, fruto do Projeto “Mulher: Viver sem Violência, lançado pelo Governo Federal em 2013, como uma nova proposta de política pública no enfrentamento a esse tipo de violência. O percurso metodológico aplicado teve como base uma pesquisa exploratória fundamentada em uma revisão bibliográfica constituída de livros, artigos científicos, teses, dentre outros, bem como documental, essencialmente, de tratados internacionais sobe direitos humanos e leis nacionais.  Por se tratar de um problema multifacetado e com várias dimensões, inicialmente, buscou-se traçar um paralelo sobre o patriarcado e violência baseada na relação de gênero e o ponto de convergência entre os dois como resultante das desigualdades materializadas socialmente entres homens e mulheres.  Também foi feita uma breve contextualização histórica e jurídica sobre a luta do movimento de feminista luta pelas conquistas de seus direitos afim descrever o processo de promulgação e publicação da Lei Maria da Penha. Ao final, analisou-se o modelo de inovação social de política pública em rede integrada e multinível da Casa da Mulher Brasileira-Campo Grande/MS. Os resultados preliminares da pesquisa indicam que a CMB-Campo Grande/MS que a inovação social operacionalizada através de uma rede de política pública integrada e multinível, com uma gestão compartilhada, democrática, horizontalizada que tem como objetivo maior entregar à mulher em situação de violência um atendimento humanizado, com uma escuta qualificada, possibilitando, ainda, o empoderamento e autonomia econômica através dos programas/projetos/ações desenvolvidas, torna mais plausível a efetividade jurídico-social destinada à Lei Maria da Penha.

Biografia do Autor

Maria Angélica Biroli Ferreira da Silva, Universidade Federal de Mato Grosso do Sul - Ufms, Pioneiros, Brasil

Professora Adjunta do Curso de Direito do Campus do Pantanal da UFMS. Mestre em Estudos Fronteiriços pela UFMS e Doutora em Desenvolvimento Local pela UDCB, com ênfase em políticas pública de enfrentamento à Violência Doméstica contra à Mulher.

Referências

AMORIM, Talita Arrais; TEIXEIRA, Solange Maria. Gestão Social em Redes: uma estratégia de gestão na política social brasileira no contexto neoliberal. In: SILVA, Maria do Rosário da Fátima e; FERREIRA, Maria D'Avila Macedo; GUIMARAES, Simone de Jesus (Orgs.). Questão Social e políticas públicas na atualidade. Teresina: Edufpi, 2017. pp. 181-182.
APOLINÁRIO, Silvia Menicucci de Oliveira Selmi. A ONU e o direito ao desenvolvimento. In: JUBILUT, Liliana Lyra; SILVA, João Carlos Jarochinski; RAMINA, Larissa (Orgs.). A ONU aos 70 anos: contribuições, desafios e perspectivas. Boa Vista: Editora da UFRR, 2016.
ASSOGBA, Yao. Innovation sociale et communauté: Une relecture à partir des sociologues classiques. Québec: ARUC-ISDC, 2007. p 16. [On-line]. Disponível em: <http://classiques.uqac.ca/contemporains/assogba_yao/innovation_soc_communaute/innovation_soc_communaute.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2021.
BANDEIRA, Lourdes Maria. Violência de Gênero: a construção de um campo teórico e de investigação. Revista Sociedade e Estado, Brasília, v. 29, n. 2, p. 449-469, 2014. https://doi.org/10.1590/S0102-69922014000200008.
BEAUVOIR, Simone de. O Segundo Sexo: a experiência vivida. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2019. v. 2. p. 9-744
BIANCHINI, Alice. Da assistência à mulher em situação de violência doméstica: artigo 8º. In: CAMPOS, Carmen Hein de (Org.). Lei Maria da Penha: comentada em uma perspectiva jurídico-feminista. Rio de Janeiro: Editora Lumen Juris, 2011. pp. 219-221.
BOURLEGAT, Cleonice Alexandre Le; SILVA, Maria Angélica Biroli Ferreira da; BORGES, Pedro Pereira. INOVAÇÃO SOCIAL NA SUPERAÇÃO DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A MULHER MEDIANTE SUPORTE DE POLÍTICAS PÚBLICAS INTEGRADAS. Revista Geo Pantanal: UFMS/AGB, Corumbá, n. 29, p. 14-38, jul. 2020. Disponível em: https://periodicos.ufms.br/index.php/revgeo/article/view/12793. Acesso em: 08 abr. 2022.
BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 1.973, de 1 de agosto de 1996. Promulga a Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher, concluída em Belém do Pará, em 9 de junho de 1994. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 2 de agosto de 1996. Seção 1. p. 14471.
BRASIL. Casa Civil. Decreto nº 4.377, de 13 de setembro de 2002. Promulga a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra a Mulher, de 1979, e revoga o Decreto no 89.460, de 20 de março de 1984. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 13 de setembro de 2002.
BRASIL. Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Casa da Mulher Brasileira é inaugurada em Brasília. Brasília, DF, 2 de junho de 2015c. [On-line]. Disponível em <https://www.gov.br/mdh/pt-br/noticias-spm/noticias/casa-da-mulher-brasileira-e-inaugurada-em-brasilia>. Acesso em: 6 dez. 2021.
BRASIL. Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos. Programa mulher, viver sem violência. Brasília: Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, 2015b.
BRASIL. Secretaria Geral da República. Lei nº 11.340, de 07 de agosto 2006. Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei de Execução Penal; e dá outras providências. Diário Oficial [da] República Federativa do Brasil, Brasília, DF, 07 de agosto de 2006.
BRASIL. Senado Federal. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, 1988. [On-line]. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/518231/CF88_Livro_EC91_2016.pdf>. Acesso em: 21/04/2019.
CEDAW. Convention on the Elimination of All Forms of Discrimination against Women. Instrumentos internacionais de direitos das mulheres. New York, 1979. [On-line]. Disponível em: <https://www.onumulheres.org.br/wp-content/uploads/2013/03/convencao_Cedaw.pdf>. Acesso em: 30 set. 2021.
CHRISPINO, Alvaro. Políticas Públicas: uma nova visão interdisciplinar e contextualizada. Rio de Janeiro: FGV Editora, 2016. p. 62.
ESPÍNOLA, Caroline Cavalcante. Dos Direitos Humanos das Mulheres à efetividade da Lei Maria da Penha. Curitiba: Appris, 2018.
FBSP. Fórum Brasileiro de Segurança Pública. Violência em 2021. Coordenação: Samira Bueno. Disponível em: https://forumseguranca.org.br/publicacoes_posts/violencia-contra-mulheres-em-2021. Acesso em: 08 abr. 2022.
FERNANDES, Valéria Dies Scarance. Lei Maria da Penha: o Processo Penal no caminho da efetividade. São Paulo: Atlas, 2015. 283 p.
FREY, Klaus. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas. Planejamento e políticas públicas, Brasília, v. 21, [s. n.], p. 221, 2000. [On-line]. Disponível em: <https://www.ipea.gov.br/ppp/index.php/PPP/article/view/89/0>. Acesso em: 6 dez. 2021.
LERNER, Gerda. A Criação do Patriarcado: história da opressão das mulheres pelos homens. Tradução de Luiza Sellera. São Paulo: Cultrix, 2019. P 390.
MATHIEU, Nicole-Claude. Sexo e Gênero. In: HIRATA, Helena; LABORIE, Françoise; DOARÉ, Hélène Le; SENOTIER, Danièle (Orgs.). Dicionário Crítico do Feminismo. São Paulo: Editora Unesp, 2009. pp. 222-231.
MELLO, Adriana Ramos de. Lei Maria da Penha na prática [livro eletrônico] / Adriana Ramos de Mello e Lívia de Meira Lima Paiva. -- São Paulo : Thomson Reuters Brasil, 2019. 6 Mb ; ePub. Mello, Adriana Ramos de. Lei Maria da Penha na Prática (p. 2). Revista dos Tribunais. Edição do Kindle.
MENEGUEL, Stela Nazareth; LIMA, Claudia Araújo de. Como utilizar os conceitos de gênero em estudos epidemiológicos. In: MENEGUEL, Stela Nazareth. Epidemiologia: exercícios indisciplinados. Porto Alegre: Tomo Editorial, 2015. cap. 10. pp. 142-195.
MENICUCCI, Eleonora. Apresentação. In: Programa Mulher, Viver sem Violência - Casa da Mulher Brasileira: Diretrizes gerais e protocolos de atendimento. Brasília: Ministério das Mulheres, da Igualdade Racial e dos Direitos Humanos, 2013. 65 p.
MICHAUD, Yves. A violência. 2. ed. São Paulo: Ática, 2001. 117 p.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Avaliação por triangulação de métodos: abordagem de programas sociais. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2005. 244 p.
MINAYO, Maria Cecilia de Souza. Ciência, Técnica e Arte: o desafio da pesquisa social. In: DESLANDES, Suely Ferreira; MINAYO, Maria Cecilia de Souza; CRUZ NETO, Otávio; GOMES, Romeu (Orgs.). Pesquisa Social: teoria, método e criatividade. 28. ed. Petrópolis: Editora Vozes, 2009. pp. 9-29.
MINAYO, Maria Cecília de Souza. Conceitos, teorias e tipologias de violência: a violência faz mal à saúde. In: NJAINE, Kathie; ASSIS, Simone Gonçalves de; CONSTANTINO, Patrícia; Avanci, Joviana Quintes (Orgs.). Impactos da Violência na Saúde, Rio de Janeiro: Editora FIOCRUZ, 2007. pp. 23-42.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração de Pequim Adotada pela Quarta Conferência Mundial sobre as Mulheres: Ação para Igualdade, Desenvolvimento e Paz, em 15 de setembro de 1995. In: Direitos Humanos: Atos internacionais ratificados pelo Brasil. 4. ed. Brasília: Senado Federal - Coordenação de Edições Técnicas, 2013d. p. 60-63. [On-line]. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/508144/000992124.pdf>. Acesso em: 29 set. 2021.
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração sobre o Direito ao Desenvolvimento. Resolução no 41/128 da Assembleia Geral das Nações Unidas, de 4 de dezembro de 1986. In: Direitos Humanos: Atos internacionais ratificados pelo Brasil. 4. ed. Brasília: Senado Federal - Coordenação de Edições Técnicas, 2013b. pp. 32-35. [On-line]. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/508144/000992124.pdf>. Acesso em:
ONU. Organização das Nações Unidas. Declaração Universal dos Direitos Humanos. Resolução 217 A (III) da Assembleia Geral das Nações Unidas em 10 de dezembro de 1948. In: Direitos Humanos: Atos internacionais ratificados pelo Brasil. 4. ed. Brasília: Senado Federal - Coordenação de Edições Técnicas, 2013a. pp. 20-23. [On-line]. Disponível em: <https://www2.senado.leg.br/bdsf/bitstream/handle/id/508144/000992124.pdf>. Acesso em: 28 set. 2021.
PIOVESAN, Flávia. A Proteção Internacional dos Direitos Humanos das Mulheres. Revista da EMERJ, Rio de Janeiro, v. 57, n. 15, p. 70-89, 2012. [On-line]. Disponível em: <https://www.emerj.tjrj.jus.br/revistaemerj_online/edicoes/revista57/revista57_70.pdf>. Acesso em: 6 dez. 2021.
PORTO, Pedro Rui da Fontoura. Violência Doméstica e Familiar Contra a Mulher: Lei 11.340/06 análise crítica e sistêmica. 3. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2014. 193 p.
SCOTT, Joan. Gênero: uma categoria útil de análise histórica. Educação e Realidade, Porto Alegre, v. 20, n. 2, p. 71-99, 1995. [On-line]. Disponível em: <https://seer.ufrgs.br/index.php/educacaoerealidade/article/view/71721>. Acesso em: 6 dez. 2021.
SEMU. Subsecretaria de políticas para a mulher. Relatório de Gestão Casa da Mulher Brasileira Campo Grande-MS-2021. Campo Grande: SEMU-SEGOV, 2021. 40 p.
SILVA, Maria Angélica Biroli Ferreira da. CASA DA MULHER BRASILEIRA-CAMPO GRANDE/MS: uma análise da política pública em rede integrada para o enfrentamento à violência doméstica e familiar e a promoção do desenvolvimento local. 2021. 250 f. Tese (Doutorado) - Curso de Programa de Desenvolvimento Loca, Universidade Católica Dom Bosco-Ucdb, Campo Grande, 2022. p. 103.
SPPM. Subsecretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. Mapa do Feminicídio: Mapeamento das mortes violentas de mulheres, tipificadas como feminicídios, ocorridas em Mato Grosso do Sul no ano de 2019. Campo Grande: SPPM/SEGOV, 2020. vol. I. [On-line]. Disponível em: <https://www.naosecale.ms.gov.br/wp-content/uploads/2021/03/MAPA-DO-FEMINICÍDIO-MS-2019.pdf>. Acesso em: 29 set. 2021.
SPPM. Subsecretaria de Políticas Públicas para as Mulheres. Mapa do Feminicídio: Mapeamento das mortes violentas de mulheres, tipificadas como feminicídios, ocorridas em Mato Grosso do Sul no ano de 2020. Campo Grande: SPPM/SECIC, 2021. vol. II. [On-line]. Disponível em: <https://www.naosecale.ms.gov.br/wp-content/uploads/2021/06/MAPA-DO-FEMINICIDIO-2020.pdf>. Acesso em: 29 set. 2021.
TEIXEIRA, Sonia Maria Fleury. O desafio da gestão das redes de políticas. In: CONGRESSO INTERNACIONAL DEL CLAD SOBRE LA REFORMA DEL ESTADO Y DE LA ADMINISTRACIÓN PÚBLICA, 7, 2002, Lisboa. Anais... Lisboa: CLAD, 2002. p. 8-11. p. 1.
TELES, Maria Amélia de Almeida; MELO, Mônica de. O que é violência contra a mulher. Tatuapé: Editora Brasiliense, 2017. p. 90
TJ-MS. Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Relatório de Atividades 2020. Campo Grande: TJ-MS, 2021. 80 p.

Downloads

Publicado

12.04.2022

Como Citar

da Silva, M. A. B. F. (2022). A casa da mulher brasileira na cidade de Campo Grande/MS como modelo de inovação social de política pública em rede integrada e multinível no enfrentamento à violência doméstica e familiar. Direito Em Movimento, 20(1), 158–187. Recuperado de https://ojs.emerj.com.br/index.php/direitoemmovimento/article/view/421

Artigos Semelhantes

1 2 3 4 5 6 7 8 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Loading...