JURISTAS E O PERIODISMO ACADÊMICO: NOTAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS PARA UMA SOCIOLOGIA HISTÓRICA DO DIREITO (BRASIL, 1889-1930)

JURISTAS E O PERIODISMO ACADÊMICO

NOTAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS PARA UMA SOCIOLOGIA HISTÓRICA DO DIREITO (BRASIL, 1889-1930)

Autores

  • Gabriel Cerqueira Universidade Federal Fluminense - UFF

Palavras-chave:

periodismo jurídico, cultura jurídica, sociologia do direito

Resumo

Neste artigo, vamos analisar o periodismo jurídico a partir de um estudo de caso do periodismo jurídico acadêmico na Primeira República (1889-1930). Selecionamos um conjunto de revistas, explicitadas no texto, e a partir destas tentaremos tecer algumas considerações teórico metodológicas sobre o trabalho com periódicos, seja como fonte, seja como objeto. Do ponto de vista teórico, o artigo reflete sobre a ação do periodismo na política transnacional do conhecimento, se apropriando, reinterpretando e divulgando ideias e conceitos que circulam no campo intelectual hegemônico. Sobre métodos, meditamos como lidar e tratar esse tipo material analítico empírico e suas vantagens e diferenças para uma sociologia ou história do direito. Essas considerações serão agrupadas em torno de duas frentes de observação: a do papel do periodismo jurídico de produção coletiva do conhecimento, e do papel de reprodução intelectual e de fator de convergência ideológica. Finalmente, o artigo almeja, com isso, destacar a importância dessas fontes na pesquisa empírica sobre o direito, mas também da utilidade de pensá-las como um objeto revelador da cultura jurídica nacional.

Biografia do Autor

Gabriel Cerqueira, Universidade Federal Fluminense - UFF

Bacharel em Ciências Sociais pela Universidade Federal Fluminense. Mestre em História pela Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Doutorando no Programa de Pós-Graduação em Sociologia e Direito/UFF

Referências

A REDAÇÃO. Palavras iniciais. Revista Acadêmica da Faculdade de Direito do Recife, v. 1, p. 5–8, 1891.
ADORNO, Sérgio. Os Aprendizes do Poder: O bacharelismo liberal na política brasileira. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1988.
ADORNO, Theodor W.; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarescimento: fragmentos filosóficos. Rio de Janeiro: Zahar, 2006.
ANDRÉ-JEAN ARNAUD. La culture des revues juridiques française. Milano: Giuffré, 1988.
ANZOÁTEGUI, Victor Tau (Org.). La Revista Juridica en la Cultura Contemporanea. Buenos Aires: Ediciones Ciudad Argentina, 1994.
ARNAUT, Luiz. A Faculdade, o Direito e a República. Revista da Faculdade de Direito da UFMG, n. 60, p. 523–546, 2012.
BEVILÁQUA, Clóvis. História da Faculdade de Direito do Recife. 3. ed. Recife: Ed. Universitária da UFPE, 2012.
BORDIGNON, Rodrigo da Rosa. As faculdades de direito e o recrutamento de professores de ensino superior na Primeira República. Sociedade e Estado, v. 32, n. 3, p. 749–770, dez. 2017.
BOURDIEU, Pierre. A força do direito. O poder simbólico. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1998a.
BOURDIEU, Pierre. The State Nobility: elite Schools in the field of power. Cambridge: Polity, 1998b.
CERQUEIRA, Marcelo Neder. O conceito de intelectual e a liberação do pensamento (Gramsci e Said). XIII Encontro Regional de História. Rio de Janeiro: ANPUH-RIO. , 2008
CHARTIER, Roger. Textos, impressões, leituras. In: HUNT, L. (Org.). A Nova História Cultural. São Paulo: Martins Fontes, 2006.
CHORÃO, Luís Bigotte. O Periodismo Jurídico Português do Século XIX. Lisboa: Imprensa Nacional-Casa da Moeda, 2002.
FORMIGA, Armando Soares de castro. O periodismo jurídico no Brasil do século XIX. Curitiba: Juruá, 2010.
FOUCAULT, Michel. Vigiar e punir: nascimento das prisões. Petrópolis: Vozes, 1978.
GRAMSCI, Antônio. Cadernos do Cárcere. Vol. 2: Os intelectuais, o princípio educativo, jornalismo. 2. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001.
GRAMSCI, Antônio. Os intelectuais e a organização da cultura. 6. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1988.
GROSSI, Paolo. La Cultura delle riviste giuridiche italiane. Firenze: Giuffré, 1983.
KALUSZYNSKI, Martine. The International Congresses of Criminal Anthropology: shaping the French and international criminological movement, 1886-194. In: BECKER, PETER; WETZELL, RICHARD F. (Org.). Criminals and their Scientists: the history of criminology in international perspective. Cambridge; New York: Cambridge University Press, 2006.
LACOMBE, Américo Jacobina. A cultura jurídica. In: HOLANDA, SÉRGIO BUARQUE DE (Org.). História geral da civilização brasileira, v.5: Reações e transações. 8. ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2004.
MARJANEN, Jani. Undermining methodological nationalism: Histoire croisée of concepts as transnational history. In: ALBERT, MATHIAS et al. (Org.). Transnational political spaces: agents, structures, encounters. Frankfurt am Main: Campus Verlag, 2009.
MERCADANTE, Paulo; PAIM, Antônio. Tobias Barreto na cultura brasileira: uma reavaliação. São Paulo: Grijalbo, 1972.
MOREL, Marco; BARROS, Mariana Monteiro De. Palavra, imagem e poder: o surgimento da imprensa no Brasil do século XIX. Rio de Janeiro: DP&A, 2003.
NEDER, Gizlene. Discurso jurídico e ordem burguesa no Brasil: criminalidade, justiça e constituição do mercado de trabalho (1890-1927). 2. ed. Niterói: Editora da UFF, 2012.
OLMO, Rosa Del. A América Latina e sua criminologia. Rio de Janeiro: Revan/ICC, 2004.
RAMOS, Henrique Cesar Barahona. O periodismo jurídico brasileiro do século XIX. Passagens Revista Internacional de História Política e Cultura Jurídica, v. 2, n. 3, p. 54–97, 2010.
SARLO, Beatriz. Intelectuales y revistas: razones de una práctica. América: Cahiers du CRICCAL. Le Discours culturel dans les revues latino-americaines (1940-1970), n. 9–10, p. 9–16, 1992.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil (1870-1930). São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SILVEIRA, Mariana de Moraes. Revistas em tempos de reforma: pensamento jurídico, legislação e política nas páginas dos periódicos de direito (1936-1943). 2013. Dissertação. Universidade Federal de Minas Gerais, PPGH, 2013.
SILVEIRA, Mariana de Moraes. Revistas jurídicas brasileiras: “cartografia histórica” de um gênero de impressos (anos 1840 à 1940). Cadernos de Informação Jurídica, v. 1, n. 1, p. 98–119, 2014.
SIRINELLI, Jean-François. Os intelectuais. In: RÉMOND, RENÉ (Org.). Por uma história política. 2. ed. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2003.
SUSSEKIND, Flora; VENTURA, Roberto. Uma teoria biológica da mais-valia? História e dependência: cultura e sociedade em Manoel Bomfim. São Paulo: Ed. Moderna, 1984. .
THOMPSON, E. P. Senhores e caçadores: a origem da Lei Negra. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1987.
VENÂNCIO FILHO, Alberto. Das Arcadas ao bacharelismo (150 anos de Ensino Jurídico no Brasil). 2. ed. São Paulo: Perspectiva, 1982.

Downloads

Publicado

11.03.2020

Como Citar

Cerqueira, G. . (2020). JURISTAS E O PERIODISMO ACADÊMICO: NOTAS TEÓRICO-METODOLÓGICAS PARA UMA SOCIOLOGIA HISTÓRICA DO DIREITO (BRASIL, 1889-1930). Direito Em Movimento, 18(2), 108–135. Recuperado de https://ojs.emerj.com.br/index.php/direitoemmovimento/article/view/218

Artigos Semelhantes

<< < 6 7 8 9 10 11 12 > >> 

Você também pode iniciar uma pesquisa avançada por similaridade para este artigo.

Loading...