ADI 5.543/DF
DA INCONSTITUCIONALIDADE DA PROIBIÇÃO DA DOAÇÃO DE SANGUE POR HOMOSSEXUAIS
Palabras clave:
homem homossexual, doação de sangue, discriminação, ação direta de inconstitucionalidade nº 5543, interpretação emancipatóriaResumen
Desde que a epidemia de AIDS chegou ao Brasil, os homossexuais foram considerados como grupos de risco, especialmente porque havia total desconhecimento sobre a doença, testes e remédios que pudessem curá-la. As igrejas, o Estado e a mídia fortaleceram o estigma do “câncer gay”, entretanto, a situação atual é completamente diferente, pois além do controle da doença que pode fazer com que uma pessoa aidética viva décadas, foi revelado que heterossexuais também podem contrair e transmitir a doença. O art. 64, IV, da Portaria nº 158/2016 do Ministério da Saúde e o art. 25, XXX, “d”, da Resolução da Diretoria Colegiada RDC nº 34/2014 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) mostravam-se inconstitucionais diante da nova ordem constitucional que promove a dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do Brasil, a igualdade como direito fundamental. A ação direta de inconstitucionalidade nº 5.543 contra os mencionados artigos foi jugada procedente, o que significa que a decisão é vinculante e com eficácia erga omnes, não podendo mais os bancos de sangue se negarem a receber o sangue do doador homem homossexual que teve relação sexual no período de doze meses. Em virtude da interpretação emancipatória da Constituição Federal, a doação de sangue não passará mais pelo crivo discriminatório e preconceituoso da sociedade heteronormativa que o Brasil ainda contempla. Trata-se de uma pesquisa elaborada sob o método histórico e dedutivo, pois traz uma parte histórica sobre o preconceito sofrido pelos aidéticos e parte para o aspecto específico, ou seja, a vitória do movimento LGBTQ, no sentido de que seu sangue não será mais discriminado.
Citas
BRASIL. Brasil registra queda no número de casos e de mortes por aids. Disponível em: http://www.aids.gov.br/pt-br/noticias/brasil-registra-queda-no-numero-de-casos-e-de-mortes-por-aids#:~:text=Segundo%20dados%20do%20Boletim%2C%20 registra,100%20mil%20habitant es%2C%20em%202016. Acesso em: 28 de julho de 2020.
BRITO, Fábio Leonardo Castelo Branco; ROSA, Johnny de Moura. Os leprosos dos anos 80, “câncer gay”, “castigo de Deus”: homossexualidade, AIDS e capturas sociais no Brasil dos anos 1980 e 1990. Revista Observatório, Palmas. Vol.2 , nº 1, jan-mar.2018, pp. 751-778.
CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. Tradução: Klauss Brandini Gerhardt. 9. Ed. São Paulo: Guerra e Paz, 2018.
COHEN, Jon. Making Headway Under Hellacious Circumstances. Science 313. Science Magazine: July, 2006, pp. 470-473.
CRISTÓVAM, José Sérgio da Silva; CIPRIANI, Manoella Peixer. Sobre o ativismo judicial nas questões relacionadas ao direito à saúde: mensageiro da boa nova ou lobo em pele de cordeiro. Disponível em: https://seer.imed.edu.br/index.php/revistadedireito/article/view/1944/1467. Acesso em 13 de setembro de 2020.
DIAS, Maria Berenice. Homoafetividade e Direitos LGBTI. 7. Ed. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2016.
GROSS, Jacson. A construção da cidadania e a sexualidade: uma análise de adoção homoparental masculina. Florianópolis: Empório do Direito, 2017.
HONNETH, Axel. Luta por reconhecimento: a gramática moral dos conflitos sociais. São Paulo: Editora 34, 2017.
MINISTÉRIO DA SAÚDE. Manual técnico para o diagnóstico da infecção pelo HIV em adultos e crianças. Brasília, 2018
PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Para além do binarismo: transexualidades, homoafetividades e intersexualidades. In.: DIAS, Maria Berenice (coord.). Intersexo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2018.
REIS, Toni. STF, igualdade no sangue e a vitória dos 20 anos de luta. 09 de maio de 2020. Disponível em: https://congressoemfoco.uol.com.br/opiniao/colunas/stf-igualdade -no-sangue-e-a-vitoria-dos-20-anos-de-luta/. Acesso em: 29 de julho de 2020.
RIOS, Roger Raupp. Direito da antidiscriminação: discriminação direta e indireta e ações afirmativas. Porto alegre: Livraria do Advogado, 2008.
SARLET, Ingo Wolfgang; MARINONI, Luiz Guilherme; MITIDIERO, Daniel. Curso de Direito Constitucional. 7. Ed. São Paulo: Saraiva, 2018.
SARMENTO, Daniel. Dignidade da Pessoa Humana: conteúdo, trajetórias e metodologia. Belo Horizonte: Fórum, 2016.
SUPER INTERESSANTE. Como surgiu a AIDS? Disponível em: https://super.abril.com.br/mundo-estranho/como-surgiu-a-aids/. Acesso em 29 de julho de 2020.
SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 5.5.43/DF. Ministro Relator Edson Fachin. Disponível em: https://www.jota.info/wp-content/uploads/2017/10/ADI-5543-1.pdf. Acesso em: 28 de julho de 2020.
Descargas
Publicado
Cómo citar
Número
Sección
Licencia
Autores que publican en esta revista están de acuerdo con los siguientes términos:
- Autores mantienen los derechos autorales y conceden a la revista el derecho de primera publicación, con el trabajo simultáneamente licenciado bajo la Creative Commons - Atribución 4.0 Internacional que permite compartir el trabajo con reconocimiento de la autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen autorización para asumir contratos adicionales separadamente, para la distribución no exclusiva de la versión del trabajo publicada en esta revista (ej.: publicar en repositorio institucional o como capítulo de libro), con reconocimiento de autoría y publicación inicial en esta revista.
- Autores tienen permiso y son estimulados a publicar y difundir su trabajo online (ej.: en repositorios institucionales o en su página personal) a cualquier punto antes o durante el proceso editorial, ya que esto puede generar alteraciones productivas, así como aumentar el impacto y la citación del trabajo publicado (Véase El Efecto del Acceso Libre).