A interpretação da lei maria da penha pelo superior tribunal de justiça: Os primeiros passos de uma jurisprudência sobre violência doméstica

A interpretação da lei maria da penha pelo superior tribunal de justiça

Os primeiros passos de uma jurisprudência sobre violência doméstica

Autores/as

  • Carolina Soares Castelliano Lucena de Castro Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil
  • Isadora de Oliveira Silva Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil
  • Gisele Soares de Oliveira Faria Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil
  • Carolina Mendes de Oliveira Miller Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil
  • Giovanna Neves Barbastefano Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil
  • Marina Mendes Fikota Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Palabras clave:

lei maria da penha, stj, gênero

Resumen

Este artigo busca apresentar os resultados de uma pesquisa que analisou os julgamentos do Superior Tribunal de Justiça, sobre casos de violência doméstica, realizados durante os primeiros anos de vigência da Lei Maria da Penha. Usando uma metodologia detalhada, o levantamento destaca onze questões específicas que, verificou-se, se repetiram de maneira constante em tais julgamentos ao longo dos referidos anos, e discute de que forma a categoria de gênero foi ou não determinante nesses debates. Os dados indicam tanto mudanças de entendimento quanto solidificação de posicionamentos da Corte em julgamentos sobre violência doméstica no marco temporal utilizado, cujos efeitos impactam a forma como a Lei Maria da Penha é interpretada e aplicada pelos Tribunais no país. Pretende-se que, ao final deste artigo, a pessoa leitora compreenda que a construção de uma sólida jurisprudência, consentânea com os objetivos buscados com a promulgação da referida lei, não decorre de uma simples aplicação automática desta mas, ao contrário, é o resultado de uma intensa disputa interpretativa não apenas sobre os dispositivos legais, mas também sobre os papéis de gênero na sociedade.

Biografía del autor/a

Carolina Soares Castelliano Lucena de Castro, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Doutoranda em Teorias Jurídicas Contemporâneas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Mestra em Teorias Jurídicas Contemporâneas pela UFRJ. Graduada em Direito pela Universidade Federal Fluminense. Defensora Pública Federal, com atuação na área criminal.

Isadora de Oliveira Silva, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Mestra em Teorias Jurídicas Contemporâneas pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Rio de Janeiro. Professora no Departamento de Teoria do Direito na Universidade Federal do Rio de Janeiro.

Gisele Soares de Oliveira Faria, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Graduada em Direito pela UFRJ. Advogada.

Carolina Mendes de Oliveira Miller, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Graduanda em Direito pela UFRJ.

Giovanna Neves Barbastefano, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Graduanda em Direito pela UFRJ.

Marina Mendes Fikota, Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. Brasil

Graduanda em Direito pela UFRJ.

Citas

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Publicado

2022-02-10

Cómo citar

Castro, C. S. C. L. de, Silva, I. de O., Faria, G. S. de O., Miller, C. M. de O., Barbastefano, G. N., & Fikota, M. M. (2022). A interpretação da lei maria da penha pelo superior tribunal de justiça: Os primeiros passos de uma jurisprudência sobre violência doméstica. Revista Da EMERJ, 24(2), 41–68. Recuperado a partir de https://ojs.emerj.com.br/index.php/revistadaemerj/article/view/411

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